Impressiona bastante a enorme tensão entre ‘teologias’ distintas no ambiente acadêmico evangélico. Todas buscam dar conta de explicar a relação do homem com Deus e com a vida, de uma forma geral. Tudo parece chegar a um ponto máximo de stress quando o foco é a Missão da Igreja. Aí parece que não existe qualquer possibilidade de diálogo e cada um faz apologia do seu ponto de vista -­‐ ao menos nos espaços mais públicos de exposição -­‐ de forma apaixonada e muitas vezes rancorosa, no melhor espírito deste século.
Ainda que na academia haja uma guerra de teologias, na práxis evangélica, ao menos institucionalmente falando, percebe-­se a predominância de duas: a da ‘prosperidade’ e a da ‘posteridade’.
A da ‘prosperidade’ é engajada com o mundo presente; o aqui e agora. Sua ética, entretanto, é individualista e utilitária: ‘meu Deus’, ‘minha vida’, ‘minhas coisas’… As liturgias explorarão sempre a primeira pessoa, raríssimas exceções. Há as versões ‘prospero-­hardcore’ -­‐ que são explicitamente comprometidas com o sucesso pessoal e não tem vergonha de colocar o dinheiro como símbolo maior de vitória na vida. Há as ‘prospero-­light’ – tem uma roupagem mais ‘moderna’ e um discurso mais ‘engajado’, porém são mais do mesmo. No final das contas, quero me dar bem e o outro é contingente.
A da ‘posteridade’ diz que nada nesse mundo presta. O máximo que se faz aqui é proteger-­‐se do mal enquanto aguarda-­se Jesus voltar. A igreja (entenda aqui a instituição) é uma grande ‘arca de Noé’ para onde se leva mais e mais gente ‘resgatada’ e ali, seguros, aguardam o fim (“Já passou da hora de vir uns raios do céu e uns tsunamis em dimensões globais, hein!!”, diriam os mais honestos). Essa turma é fatalista. A ética é de sobrevivência do grupo; há solidariedade para com os iguais e, quando muito, com os que estão longe (geograficamente falando).
A versão ‘postero-­hardcore’ é extremamente sectária; há dificuldade até no diálogo entre instituições de mesma denominação.
A versão ‘postero-­light’ busca consensos para uma interação maior com a cultura predominante. O medo, porém, dá o tom e, por isso, seu discurso será sempre defensivo, arrogante e excludente.
É claro, há a igreja-­movimento, que sobrevive a despeito dessas expressões institucionais e busca viver (proclamando) o evangelho com dimensões comunitárias; evangelho que se expressa em comprometimento com o seu tempo e lugar. Essa igreja-­movimento se ressente da falta de mais e mais instituições evangélicas que acolham as diferenças e estejam, de fato, comprometida com o melhor espírito evangélico de unidade, comunhão e proclamação.
Teologia, caríssimos e caríssimas, é vida, e todos só temos uma. Como estamos dispostos a vive-­la?