Tudo o que existe e vive nesta vida carece de cuidado para continuar a existir e a viver: uma planta, uma criança, um idoso, o casamento, etc. A essência da vida reside no cuidado responsável e criativo. Deus é o grande Cuidador da criação!
A crise generalizada que afeta os valores fundamentais da sociedade se revela pelo descuido e falta de cuidado efetivo. Portanto, aprender a ser cuidado e saber cuidar é a condição para a nossa sobrevivência! Pois, na vida, há ebulição, efervescência, inquietação e emoção tempestuosa.
A jornada do discipulado e do pastoreio de pastores deve se propor a estimular os companheiros de caminhada ao compartilhamento e cuidado mútuo. Por conseguinte, devemos encorajar as pessoas a caminhar em conexão consigo mesmas e num grupo de apoio, onde haja espaços fecundos para reflexão lúcida e autêntica da vida tal como ela é; sempre em busca de um ser humano resoluto e decidido, fraterno e solidário, preservado e arriscado, sofrido e agradecido, corajoso e ousado.
É hora, pois, de assumirmos o compromisso radical com o cuidado da pessoa, investirmos em seu revigoramento espiritual e emocional e sentido de existir e viver. Pois muitos que nos cercam, clamam por soluções, por renovação de consciência pessoal e por reconstrução de uma nova história de viver.
De certa forma, o salmo 142.4 tem sido a experiência de muitas dessas vidas. Aqui temos uma bela ilustração da relação de cuidado do “outro”. O objetivo, portanto, do discipulado e do pastoreio de pastores deve ser “silenciar” este versículo na vida das pessoas, com suas queixas e lamentações.

  • “Não há quem me conheça” – se sente entre estranhos;
  • “Refúgio me faltou” – se sente desprotegido;
  • “Ninguém cuidou da minha alma” – ninguém havia se interessado por ele.

Para onde vamos? O futuro da igreja e seus líderes não é o desespero! É a esperança! O primeiro passo nesta direção implica em eliminar nosso pessimismo. Não podemos retroceder. Quem hesita não sai do lugar, patina e escorrega. É hora de aprendermos a enfrentar situações adversas.  E tudo começa com o cuidado do ser. Ou cuidamos do homem integral ou não cuidamos de nada. Essa é a lógica postulada pela arte de cuidar, na perspectiva do discipulado e do pastoreio de pastores.
Além disto, é hora de renovar-se para gerar soluções fecundas e arrojadas. A igreja local tem um potencial exuberante para o cuidado. Precisamos aparelhar os santos e colocá-los em circulação, para preservar e projetar a dignidade humana pelo cuidado mútuo.
Cuidar da pessoa era prioridade para Jesus. Sua encarnação, como movimento que procede de Deus, consiste numa operação de aproximação do ser humano, em seus aspectos concretos. Desta forma, a Palavra divina se fez carne em todos os momentos da vida de Jesus, fazendo as pessoas passarem de um estado de morte, de pecado, de trevas e de abandono, para um estado de salvação, vida e luz.
À semelhança de Jesus, cuidar da pessoa deve resultar em restauração, tornando-a capaz de reiniciar uma existência nova com esperança. Na perspectiva de Jesus, falar é fazer, e fazer é falar. Assim, o que ocorre com um, já repercute em outro, ou seja, a obra que atua em uma pessoa prepara sua atuação na seguinte, num fluxo aberto que forma uma continuidade permanente.