Por Walter da Mata
O profeta Oséias declarou que a falta de conhecimento era o motivo porque o povo perecia. Não foram informados sobre a real situação e suas consequências. Penso que o mesmo não pode ser dito da maioria de nós pastores, pois nunca o conhecimento esteve tão disponível como em nossos dias.
Graduar-se em Teologia já foi símbolo de renúncia, afastamento da família e abandono de atividades profissionais. Hoje não, o conhecimento Teológico com graduação, está disponível nas igrejas, polos de Faculdades semipresenciais, penitenciárias e no mundo virtual; então nosso problema não é falta de conhecimento, mas o que fazer com o conhecimento que temos, quando isso está ligado ao nosso cuidado pessoal.

A luz de alerta das crises pastorais está acessa

Há algum tempo, a luz de alerta das crises pastorais está acessa, mas com o advento das redes sociais, aquilo que era privado ao contexto das igrejas e denominações, ganhou dimensão popular, o que acontecia no mundo privado, agora é “pregado sobre os telhados”. Os dois casos mais recentes de suicídio pastoral dentro das Assembleias de Deus, ocuparam os telhados do mundo virtual, como se fossem raros, mas quem acompanha de perto o contexto eclesiástico, sabe que isso vem crescendo em todo o Brasil e em todas as denominações.

Ofício estressante

Pesquisas recentes, colocaram o ministério pastoral, entre os ofícios mais estressantes e claro que aqui eu coloco o ato de pastorear, que é bem diferente de dirigir igreja, pregar, participar de cerimônias religiosas, mas o fato de conviver diariamente com as alegrias e dores das ovelhas, pois é onde as emoções são colocadas à prova o tempo todo; soma-se a isso, as lutas pessoais dos pastores, com o casamento, família, limites físicos e emocionais.
Os pastores sabem disso, não falta conhecimento, mas falta-lhes discernimento quanto a escolha de “fazer a obra de Deus” ou receber cuidado para suas vidas. Parece que neste ponto, cometemos mais um pecado, pois “aquele que sabe o que deve fazer e não faz, comete pecado”. Estar em um espaço para receber cuidado, pode demostrar fragilidades e isso é uma das coisas que assusta um pastor. Pastores ajudam, apoiam carregam, curam feridas, escutam as dores da alma, aconselham, visitam, entram nos valados e busca a ovelha desgarrada e muitos outros “atos heroicos”; mas não se imaginam em algum tempo, mudarem os papéis: de cuidadores, a pessoas que recebem cuidado! Então tocam a vida como se divinos fossem, mas qualquer pastor, sabe que é humano e frágil, e que precisa de apoio em suas crises.
As redes pastorais existentes no Brasil, disponíveis a criar estruturas dentro das denominações e fora delas, são oportunidades oferecidas para que os pastores recebam esse cuidado, mas caminhar em grupo de pastoreio mútuo exige que o “super homem”, se torne apenas homem, exige que as agendas sejam repensadas e que sejam abertos espaços para o pastoreio; envolve disciplina para dedicar a cada quinzena um tempo de cerca de duas horas, por anos seguidos, e firmar relacionamentos de confiança para que Tiago 5.16 “confessai vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” seja exercido.


Walter da Mata
Esse não é um texto sobre pastoreio mútuo, mas de quem vive desde 2003 a experiência do pastoreio. Sou Pastor da Assembleia de Deus há mais de 30 anos e faço parte da Equipe MAPI DF, sou Missionário SEPAL e tenho a missão de Ministrar Treinamentos equipando igrejas, denominações e outros a formarem grupos pastorais.