Parte 2 – Veja a primeira parte deste texto aqui


“Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor; e não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar.” (Jr 22:3)
A violência nossa de cada dia nos desumaniza a todos; ao perpetrador, à vítima e, de igual forma, ao que assiste passiva, quase resignadamente, à vitória do mal sobre o bem.
A violência é filha do medo; tendemos a ser reativos quando nos sentimos inseguros e ameaçados. Essa resposta cruel a outro ser humano nos impede de enxergar mais fundo, além daquilo que o próximo aparenta ser. Se o fizéssemos, perceberíamos ali mais alguém amedrontado, também ávido de amor. Enxergaríamos a nós mesmos, como num espelho revelador, e constataríamos que aquele que julgávamos tão diferente é, na verdade, tão humana e miseravelmente igual a nós.
Numa sociedade violenta como a nossa, as maiores vítimas serão os mais pobres; crianças, mulheres e velhos – especialmente se a sua pele for negra -, além do gigantesco contingente de refugiados em todo o planeta. A miséria quase sempre é o laço de morte que os une.
A violência tem a sua face mais visível nos arroubos e explosões pessoais, onde a força bruta se afirma sobre o mais vulnerável. Mas, ainda que ela tenha origem no coração do ser humano, ganhará substância na manutenção de estruturas perversas cuja força motriz é o acúmulo de poder e riqueza para uns poucos em detrimento de muitos.
A violência estrutural institucionaliza toda a sorte de injustiças.
A violência estrutural espolia a alma humana levando-a a considerar quase normal viver num mundo injusto e cruel.
A violência estrutural domestica o ser, subjugando-o, até que se adeque, escravizado, à régua do opressor.
No Brasil, quando se fala em (des)governo da nação, já não se alimentam as esperanças; predomina o cansaço, o medo e a complacência. Políticos desmoralizados, cujo maior objetivo se tornou o de se manterem no poder, evitando inquéritos e julgamentos e, assim, perpetuando as suas podres ambições. Sofrerão ainda mais aqueles destituídos dos direitos humanos básicos; os historicamente espoliados pelo ímpio.
Deus vê a violência que gera injustiça.
Deus vê a opressão que apequena a existência humana.
Deus vê a dor que a solidão alimenta.
Deus vê!
A injustiça afronta os céus.
A injustiça descaracteriza a boa obra de Deus.